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domingo, 6 de dezembro de 2009

Lidando com bad beats

Por Léo Bello
O Circuito Paulista e o Circuito Brasileiro Online trouxeram juntos uma grande oportunidade pra mim: ouvir de mais pessoas suas experiências sobre Poker.

E com o tempo comecei a reparar que grande parte das mensagens que recebia eram sobre bad beats. Na realidade os mesmos bad beats que acontecem comigo e com todos os outros jogadores. O curioso é reparar como as pessoas reagem de modo diferente aos bad beats. Algumas reações me ajudaram a me tornar um jogador melhor e mais controlado. Enxergar que o bad beat faz parte do jogo é parte fundamental para começar a ACEITAR. Isso quando o que realmente aconteceu foi um bad beat. Nessas mãos abaixo, tente dizer que é o favorito a ganhar se ambos fossem all-in pre-flop:

  • 9T de espadas contra Q8
  • AK de espadas contra 33
  • AQ contra TT
  • 78 contra K2
  • AK contra KJ contra AJ contra 56.

Parece fácil, mas nem todos conseguem enxergar que qualquer par é favorito pre-flop contra duas cartas altas diferentes. E que suited connectors jogam melhor do que uma carta alta e outra baixa. E em multiway pots, quando varias pessoas seguram cartas altas, as chances de alguém com cartas baixas aumentam tremendamente. Mas o tema são os bad beats, e eles realmente existem e acontecem, mas a boa notícia é exatamente essa, eles acontecem.

Em primeiro, lugar, por definição um bad beat é uma jogada em que você jogou corretamente, era matematicamente o favorito, e perdeu a mão para alguém que jogou mal, chamou ou apostou com cartas piores que as suas, e conseguiu ganhar de você. Então, chegamos à conclusão de que para tomar um bad beat você tem que estar jogando corretamente, o que por si só já é um tremendo feito.

O bad beat foi feito para os bons jogadores. Os outros atribuírão sempre as vitórias e derrotas as circunstâncias de jogo, ou simplesmente a sorte. O treinador da seleção brasileira masculina de vôlei, Bernardinho, ao ser interpelado sobre a "sorte" que o Brasil vinha tendo nos jogos, respondeu: "Estudamos e treinamos muito para que a sorte jogue do nosso lado".

Tenho treinado minha sorte. Às vezes ela me aparece sem ser chamada, às vezes me falta nas horas cruciais, mas na maior parte do tempo, está lá trabalhando ao meu lado. Se a matemática está do seu lado, lembre-se do long run, quando um livro diz que o AA vai ganhar 90% das vezes de um 95. Isso significa que 10% das vezes o 95 vai sim ganhar do AA, por mais ridículo que isso possa parecer.

Prefiro dez mil vezes perder num bad beat uma mão para um jogador que sei que no futuro poderei recuperar com juros as perdas do que entrar numa mesa com os cobras e ser outplayed pela "sorte" deles. Tem gente que ainda se pergunta, por que cargas dágua, Gus Hansen, Phil Ivey e Daniel Negreanu tem tanta "sorte" quando jogam com mão como 45, 79, 36, ...? Então no próximo bad beat, faça o seguinte: - pare pra respirar um pouco- use dois segundos pra ficar com raiva por dentro e pensar em estourar o monitor, chutar algo, quebrar alguma coisa;- um segundo para decidir que isso é besteira pois você continuará jogando, e o que passou, não volta mais.

- um minuto para tomar nota do nome do jogador pra quem você perdeu, e anotar qual foi o erro dele na mão.- dois minutos pra tentar descobrir qual foi o seu erro na mão (em 90% dos bad beats, nós cometemos algum erro, como por exemplo, não apostar o suficiente na hora certa pra tirar o adversário da mão).- certifique-se de que se acalmou para retornar ao jogo. Após um bad beat, as chances de entrar em tilt são bem maiores.

Na hora de um bad beat, lembre-se, aceitar a derrota e aprender com ela, faz parte do caminho de um vencedor. E não se esqueça que se você está levando bad beats, é porque está no caminho certo.

Léo Bello é natural do RJ, mas mora em Campinas há um bom tempo. Joga poker há mais de 10 anos, sendo 3 deles online (mais de 6 horas por dia em média). É um dos organizadores do Circuito Brasileiro Online e do Circuito Paulista de Holdem.

Um comentário:

  1. Grande Pierre !
    Excelente post !
    Muitas vezes temos a mania de atribuir às Bad Beats a maioria dos nossos fracassos, mas antes temoas que saber o que estamos falando.
    Parabéns !
    Bruno

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